quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobre a crescente confusão atual

A crescente confusão atual, sem dúvida, se deve a que queremos resolver cada problema com um certo padrão de ação, com uma certa ideologia, religiosa ou política. A religião organizada, evidentemente, impede a compreensão de qualquer problema, porque a mente está condicionada pelo dogma e pela crença. Nossa dificuldade é de compreender o problema diretamente, e não através de um determinado condicionamento religioso ou político; como compreender o problema de maneira que o conflito cesse, não temporariamente, mas completa e definitivamente, para que o homem possa viver com plenitude, sem as tribulações do futuro ou a carga do passado. É sem dúvida o que nos cumpre descobrir: como atender o problema de maneira nova.

Autor: Krishnamurti - Nosso único problema - ICK

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sobre o descontentamento

Quando um indivíduo é jovem, ativo, há grande descontentamento e a vontade de fazer perguntas, mas, infelizmente, esse descontentamento desaparece quando ele se torna mais velho, se estabiliza num emprego, constitui família, assume responsabilidades, se submete ao condicionamento pelo ambiente; gradualmente, o descontentamento, a curiosidade de descobrir, o indagar - tudo desaparece. O indivíduo aceita, desaparece o seu descontentamento, e ele perde o interesse em descobrir por si próprio, realmente, se existe alguma forma de segurança.

Autor: Krishnamurti - A Essência da Maturidade

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sensibilidade da mente e coração

Vocês têm que ter este extraordinário sentimento, esta sensibilidade a tudo – ao animal, ao gato que caminha pelo muro, à falta de asseio, à sujeira, à imundície dos seres humanos na pobreza, em desespero. Vocês têm que ser sensíveis – o que é sentir intensamente, não em uma direção particular, que não é uma emoção que vem e vai, mas que é ser sensível com seus nervos, com seus olhos, com seu corpo, seus ouvidos, com sua voz. Vocês devem ser completamente sensíveis todo o tempo. A menos que você seja assim completamente sensível, não há inteligência. A inteligência vem com sensibilidade e observação.

A sensibilidade não vem com informações e conhecimentos infinitos. Vocês podem conhecer todos os livros do mundo, podem tê-los lido, tê-los devorado; vocês podem ser familiares a todo autor, podem saber todas as coisas que foram ditas, mas isso não traz inteligência. O que traz inteligência é essa sensibilidade, uma total sensibilidade de sua mente, tanto consciente quanto inconsciente, e do seu coração com suas extraordinárias capacidades de afeto, simpatia, generosidade. E com isso vem esse intenso sentimento, sentimento pela folha que cai de uma árvore com todas as suas cores mortiças e a sujeira de uma rua imunda – vocês têm que ser sensíveis a ambos; vocês não podem ser sensíveis a um e insensíveis ao outro. Vocês são sensíveis – não meramente a um ou a outro.

Krishnamurti

Sendo uma luz para si mesmo.

Digo que não há nenhuma fonte permanente que possa dar entendimento a alguém. Para mim, a glória do homem é que ninguém o possa salvar, exceto ele mesmo. Por favor, se observardes o homem, por todo o mundo, vereis que ele sempre recorreu a outrem para ser ajudado. Em todo o mundo o homem volta-se para alguém que o eleve da sua ignorância. Digo que ninguém vos pode elevar da vossa ignorância. Vós a criastes pelo medo, pela imitação, pela busca da segurança, e por isso estabelecestes autoridades. Vós mesmos a criastes, esta ignorância que prende cada um de vós, e ninguém pode libertar-vos exceto vós mesmos por meio do próprio entendimento. Os outros podem libertar-vos momentaneamente, mas enquanto a causa da raiz da ignorância permanece, meramente criais outra série de ilusões... A mente só pode libertar-se desta ignorância quando defrontar a vida totalmente, quando experimentar completamente, sem preconceito, sem idéias preconcebidas, quando já não estiver mutilada por uma crença ou idéia. É uma das ilusões que acalentamos, que alguém nos pode salvar, que não podemos por nós mesmos ascender deste lodo de sofrimento. Durante séculos esperamos auxílio do exterior, e estamos ainda agarrados a esta crença.

Autor: Krishnamurti - Krishnamurti - Itália e Noruega

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A liberdade não está no fim, está no começo

Aparentemente parece que você não é capaz de ficar sozinho: essa palavra “sozinho” significa “inteiramente só”. Quando você está realmente só, não contaminado, quando você está realmente livre, você é a entidade humana integral, você é o mundo humano. Mas nós temos medo de ficar sozinhos; nós queremos sempre estar com alguém, ou com uma idéia, ou uma imagem. Estar só não é solidão; a solidão tem a sua beleza: caminhar sozinho pela floresta, sozinho ao longo de um rio — não de mãos dadas com uma pessoa ou outra — mas sozinho na solidão, o que é diferente de isolamento. Se você está caminhando sozinho, você está observando o céu, as árvores, os pássaros, as flores e toda a beleza da terra, e também, talvez, você esteja observando a si próprio — não dialogando com você mesmo, não carregando os seus fardos às costas; você os deixou para trás. A solidão revela o seu isolamento, a sua vaidade, o seu sentimento de depressão. Quando você terminou com a solidão há o outro, o isolamento, que não é uma conclusão ou uma crença — que não é uma propaganda que lhe diz o que significa olhar. O isolamento não o empurra para nenhum rumo; quando você é dirigido ou quando é guiado, você se torna um escravo e, portanto, perde a liberdade, totalmente, desde o início. A liberdade não está no fim, está no começo.

krishnamurti - Perguntas e Respostas - Cultrix

domingo, 18 de setembro de 2011

O Ser

O importante é o ser e não o vir-a-ser; um não é o oposto do outro; havendo o oposto ou a oposição, cessa o ser, haverá conflito. Ao findar o esforço para vir-a-ser surge a plenitude do ser, que não é estático; não se trata de aceitação ou de mera contestação; o vir-a-ser depende do tempo e do espaço. O esforço deve cessar; disso nasce o ser que transcende os limites da moral e da virtude social, e abala os alicerces da sociedade. Esta maneira de ser é a própria vida, não mero padrão social. Lá onde existe vida não existe perfeição; a perfeição é uma idéia, uma palavra; o próprio ato de viver e de existir transcende toda forma de pensamento e surge do aniquilamento da palavra, do modelo, do padrão.

Autor: Diário de Krishnamurti - pág. 62 - Edit. Cultrix

sábado, 17 de setembro de 2011

Realidade Eterna

Para mim há uma realidade; há uma realidade eterna e vivente - à qual podeis chamar Deus, imortalidade, eternidade, ou o que quiserdes. Há alguma coisa viva, criadora, que não pode ser descrita, porque a realidade frustra toda descrição. Nenhuma descrição da verdade pode ser duradoura, e não passará jamais de uma ilusão de palavras. Não podeis saber o que seja amor pela descrição de outrem; para conhecerdes o amor é preciso que vós mesmos o experimenteis. Não podeis conhecer o gosto do sal enquanto não o provardes vós mesmos. Entretanto, desperdiçamos tempo a buscar uma descrição da verdade, em vez de procurarmos encontrar a maneira de realizá-la. Digo-vos que não posso descrever, não posso exprimir em palavras essa vivente realidade que está além de toda idéia de progresso, de toda idéia de crescimento. Cuidado com o homem que tenta descrever essa vivente realidade: ela não pode ser descrita, tem de ser experimentada, vivida.

Autor: Krishnamurti - Coletânea de Palestras, 1931

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A revolução religiosa

A influência psicológica da crença
O homem está sendo moldado, condicionado para pensar segundo um certo padrão, dentro de uma certa esfera e, consequentemente, evitando a revolução religiosa. E pode-se ver que é necessária uma revolução dessa natureza, revolução não baseada em convulsão econômica ou social, porém revolução total, revolução verdadeiramente religiosa. Não me refiro à religião do hinduísta, do budista ou do cristão. Isto não é religião, em absoluto, porém mero dogma, sistema de crenças oriundas do medo, do desejo de segurança, de sentar-se "à direita de Deus-Padre", o que quer que seja. Religião é uma coisa bem diversa, e para se achar a vida religiosa necessita-se de revolução total de nosso pensar. Para criar um mundo diferente, uma civilização inteiramente nova, deve cada um de nós começar da base correta, e essa base correta se lança com o autoconhecimento. Deveis começar a conhecer vós mesmos, e não simplesmente a parte superficial de vossa consciência.

Autor: Krishnamurti - O Homem Livre - Editora Cultrix

domingo, 11 de setembro de 2011

Escutar é uma arte

Rodrigo e Nabil, upload feito originalmente por NJRO.
Escutar é uma arte que não se aprende facilmente, mas existe nela beleza e grande compreensão. Nós escutamos com as várias profundidades de nosso ser, mas nosso escutar é sempre feito com a percepção de um ponto particular da vista. Nós, simplesmente nada escutamos! Existe sempre intervindo o filtro dos nossos próprios pensamentos, conclusões, e preconceitos. Escutar exige quietude interior, uma liberdade da tensão de adquirir, uma atenção relaxada. Este estado de alerta, mas passivo, pode ouvir o que está além da conclusão verbal. As palavras confundem, são apenas meios de comunicação externos, mas para comungar além do som das palavras, deve existir no ouvir, alerta passividade. Há aqueles que podem escutar o amor, mas é extremamente raro encontrar um ouvinte. A maioria de nós somos a resultante, o acumulado, a consecução dos objetivos, nós estamos sempre a vencer e conquistar, e por isso não existe nenhum escutar. É somente escutando, que alguém ouve a canção das palavras.

Autor: Krishnamurti - O Livro da Vida

Não há grandeza alguma no apego

Pirâmide, upload feito originalmente por NJRO.

Nós somos as coisas que possuímos, somos aquilo a que estamos apegados. Não há grandeza alguma no apego. O apego ao conhecimento não é diferente de qualquer outro vício prazeroso. Ele é ensimesmador, seja num grau mais baixo ou num grau mais elevado. O apego é um auto-engano, é um fuga à vacuidade do ego. As coisas às quais estamos apegados - propriedade, pessoas, idéias - tornam-se importantíssimas em razão de que sem todas estas coisas que preenchem esse vazio, o ego não existe. O medo de não existir conduz à posse; e medo produz ilusão, a escravidão à resultados. Opiniões, materiais ou ideológicas, impedem a realização da inteligência, a liberdade que apenas a realidade pode trazer à existência; e sem esta liberdade, a inteligência é consumida pela esperteza. As dimensões da esperteza são sempre complexas e destrutivas. É esta astúcia auto-protetora que conduz ao apego; e quando o apego provoca dor, é esta mesma sagacidade que busca o desapego e encontra prazer no orgulho e na vaidade da renúncia. A compreensão das manifestações da astúcia, das peculiaridades do ego, é o começo da inteligência.

 Krishnamurti - O Livro da Vida

Sobre liberdade

Buscando as alturas
A liberdade não é uma idéia; uma filosofia que se escreve acerca da liberdade não é liberdade. Ou se é livre ou não se é. Está-se prisioneiro, por muito bem decorada que seja a prisão; é só quando o prisioneiro já não está nela que é livre. A liberdade não existe quando a mente está aprisionada no pensamento. O pensamento nunca é capaz de ser livre. O pensamento é a resposta da memória, do conhecimento e da experiência; é sempre produto do passado e não pode criar liberdade, porque a liberdade é algo que está no presente ativo e vivo, na vida quotidiana. Ser livre não é estar livre de alguma coisa - libertar-sede alguma coisa é apenas uma reação.

Autor: Krishnamurti - O Mundo Somos Nós

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